Divagações da Bruma

Viagens da minha cabeça, do meu sentir, do meu ser, do meu existir... as memórias, o sabor de experimentar, ganhar asas e voar, desvendar os mistérios da bruma, os meus.

26 maio, 2008

Sem complicação, simples…

Sem querer, surge
Sem perceber, acontece
Sem pensar, é
Sem sentimento, prazer
Sem envolvimento, amizade
Sem compromisso, vontade
Sem perguntas, espontaneidade
Sem mentiras, transparência
Sem enganos, verdade
Sem tabus, naturalidade
Sem preconceito, perspectivas
Sem falsos moralismos, valores
Sem rodeios, assertividade
Sem tempo, momentos
Sem territórios, espaços
Sem expectativas, realidade
Sem ilusões, sinceridade
Sem vazio, inteligência
Sem rotina, colorido
Sem tédio, inovação
Sem pedir, sorriso
Sem forçar, respeito
Sem tretas, decisão
Sem medos, liberdade… BB.

23 maio, 2008

Hhmmm... já sinto o cheiro da próxima Maré... :)


Tudo por Acaso

Eu sei,
Tudo por acaso
Tudo por atraso
Mera distração (diversão)
Eu sei
Por impaciência
Por obediência
Pura intuição
Qualquer dia, qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora, tudo é invenção
Ninguém vai saber de nada
E eu sei
Pelo sentimento,
Pelo envolvimento,
Pelo coração
Eu sei
Pela madrugada
Pela emboscada
Pela contramão
Por qualquer poesia
Por qualquer magia
Por qualquer razão


Lenine

20 maio, 2008

Apenas porque não me sai da cabeça desde a noite de quinta-feira musical... aqui fica; Ana Lee!


Eu bebi, sem cerimónia o chá
à sombra uma banheira decorada,
num lago de jambu

e dormi, como uma pedra que mata
senti as nossas vidas separadas,
aquario de ostras cru

Ana lee, ana lee
meu lótus azul,
ópio do povo,
jaguar perfumado,
tigre de papel

Ana lee, ana lee
no lótus azul,
nada de novo
poente queimado,
triângulo dourado.

se ela se põe de vestidinha,
parece logo uma princezinha,
num trono de jasmim.

e ao vir-me,
embora em verde tónico,
no pais onde fumam as cigarras,
deixei-a a sonhar por mim.

GNR

17 maio, 2008

¼ Século…

Num primeiro respirar, o meu inspirar de vida teve início neste mesmo dia… Foram momentos, experiências, vivências, emoções, pessoas, lágrimas, sorrisos. Foi um crescer contínuo, um descobrir de vida em mim e no mundo, uma e muitas leituras do possível e do impensável… Foram mais que episódios, mais do que cenas, mais do que momentos e memórias, construções, cair e levantar, continuar, seguir, aprender, amar… Foram marés de bom feeling, correntes de positividade, arco-íris de carinho e mil sóis de felicidade. Algumas perdas, dores e sofrimento, alturas de desespero e agonia, um soluçar de dor de coração… que foram vividas e não negadas, enfrentadas, trabalhadas, apoiadas e superadas. Paixões e cores e cheiros, perfumes intensos… beijos bons, saborosos, doces, quentes, profundos, de amor, de paixão, de amizade, simples, genuínos, espontâneos, coloridos… Foram dias, semanas, meses, anos… 25 anos de muito sentir! O amor de quem me quer bem, o carinho, a ternura, a amizade, o companheirismo… A família sempre presente, os amigos do coração; as pessoas da minha vida, desta caminhada por mim traçada… Hoje começa um novo ciclo, mais um ano de vida, de crescimento e desenvolvimento humano, do meu eu. Sei que quero continuar a descoberta de mim e do mundo, trazer comigo as pessoas significativas, alimentar, fortalecer, reconstruir e construir relações.
Obrigado por existirem e fazerem parte da minha construção, do meu ser, do meu viver, por fazerem parte do meu mundo e me abrirem as portas a outros mundos! Cada sorriso, beijo, abraço, palavra, cartão, sms, telefonema recebido é um pedacinho de quem toquei e que me toca, é a memória, a lembrança, é parte que me faz sentir, perceber que faz sentido continuar, que a vida é um lugar belo! Por isso festejo a minha existência, a vida em mim e nos outros, tenho um sorriso tatuado ao longo destas 25 primaveras e para as muitas que gostaria de viver :) BB.

08 maio, 2008

Nascida em berço de mar salgado,
Embalada por ondas ora calmas ora revoltas,
Criada na ilha da noite,
onde o som dos pássaros, oriundos do norte de África, se mistura com o barulho do mar que embate no basalto de que é feita a minha terra, e se envolve com o cheiro a gargalhadas e cantorias à volta de uma fogueira, na mais bela das praias de areia fina, sob um véu de estrelas intensamente brilhantes; o alimento da alma de um ilhéu… esse mergulhar, a vida que brota de nove pedacinhos de lava arrefecida no meio do Atlântico…o paraíso encantado e perdido do resto do mundo. Pagamos pela insularidade, mas ganhamos tanto de tantas maravilhas que apenas nós, verdadeiramente entendemos, algo único, só nosso e tão específico…
Um ilhéu sabe, que para a descoberta do que está depois da linha do mar, desse horizonte, tem que partir em viagem.
Vim para longe. Para um pedaço de terra unida a outros pedaços, um continente, numa Europa de gente mergulhada por outra vida, outros estilos, outros sentidos. Vou nadando noutros mares, em registos diferentes dos meus, contudo encontro partes de mim e vou reorganizando. Uma aprendizagem, uma construção contínua e de infinitas possibilidades e caminhos. Num tempo e num espaço meu, ganho asas, vou aprendendo a voar sem esquecer a raiz, a origem, o início…
Noctívaga por natureza, acordo para a noite enquanto o resto do mundo dorme, encontro-me e sigo. Vou ao encontro do desconhecido em viagens múltiplas, testo limites e avanço um pouco mais. Sinto uma ligeira inquietação, percebo a minha transformação, exorcizei demónios e fantasmas, sentei-me com eles à mesa, comemos e bebemos. Na noite dançamos e brindamos, e antes dos primeiros raios de sol disse-lhes, “adeus. até nunca mais!” e segui. Segui viagem, equilibrei-me e consegui entregar-me ao novo, ao diferente, à vida. O dia havia nascido e eu renasci… BB.

Criatura da Noite

Esta noite quero cantar
Dançar e voar ah ah ...
Quero ver luzes muitas
Quero ser um pássaro.
Quero ver os peixes a bailar
E as ideias a gritar
Quero voar voar até ver
O mar pegar fogo
E o campo incendiar
Até a luz me cegar
E eu voltar p'ro meu lugar


Entre Aspas

06 maio, 2008

Sinestesias...

Viver é sentir. Experimentar, provar de tudo, ir ensaiando.

Sentidos são partes de nós. Vivemos de, para, com sentidos. Mais ou menos desenvolvidos. Mais ou menos esculpidos. Mais ou menos conscientes. Buscamos sentidos, vou definindo os meus. Percebendo a minha massa, a minha essência. O que sou, como sou, do que gosto, do que não gosto, o que quero, o que não quero. As inúmeras possibilidades e mais as que posso vir a criar. Há que acreditar, desejar, explorar, sair de nós! Sem medo do que está porvir. Acordar para o resto do mundo, há tanto a sentir. Tanto por saborear, cheirar, tocar, ouvir, ver! Dar o salto, por cima das barreiras, desses limites pessoais, ser flexível, ir mais além. O desconhecido pode ser assustador, mas igualmente belo, nada de negar esta experiência única; a vida!

Sentir a alma! A beleza de se ser mais do que aquilo que conhecemos de nós, sou um mundo em mim. Voar e sentir! Desgrudar dos ciclos harmoniosos, tais vícios que impedem a evolução pessoal. Despir a dependência. Despir o preconceito, o juízo de valor, os falsos moralismos, as ilusões, os mundos utópicos, as hipérboles românticas desconexas da realidade.

Sentidos que me levam em viagens interiores e mais. Viagens de memórias e gostos e daquilo que ainda está por saber. Já provei de tantas coisas. Guardo os sabores, dos mais doces aos mais amargos, dos picantes e até azedos, mesmo dos que me levaram às lágrimas. Os sons e ruídos, as palavras, os ecos, a música, até a estática. As imagens, as fotos, os momentos, as cenas, os quadros e os filmes, o belo e o horror. O tocar e ser tocada, a pele sedosa e macia, o áspero e até o rugoso, o calor e o frio, a chatice do que nem aquece nem arrefece, o apalpar, agarrar. O cheiro que leva à loucura, que turva o consciente, o prazer, os perfumes individualizados e os que se vão misturando, o odor, os cheiros da pele tão personalizados, dos lugares, dos objectos… São apenas algumas formas de descobrir os sentidos, mas a forma como o fazemos é pessoal, depende do quanto se quer voar, do que se quer descobrir e como, onde e com quem.

Sei qual o meu sentido dominante, aquele que me eleva, me transforma e transporta a outras dimensões, a outros níveis… é saliente, transparece. E ainda me falta tanto de tanta coisa, de tanta gente, de tanto lugar, meu e do mundo.

Tanto sorriso, gargalhada, imagem, arte, cor, sabor, palavras, poemas, melodias, lugares, países, interiores, exteriores, ideias, olhares, gentes e mais e mais e muito mais… querer agarrar o mundo com as mãos e beijar intensamente, sentindo com os 5 sentidos e mais 1; o mítico 6º… :P


Nota: Este texto está tão aquém do que gostaria que fosse, do que poderia ser. Há tanto a dizer, a expressar sobre tudo isto. São ideias em bruto a guardar e mais tarde voltar a encontrar e continuar, fica apenas um cheirinho do sentir. Fica assim, aqui presente, a ideia da existência real da imperfeição, que nem tudo é como gostaria que fosse, há portanto, um longo caminho a percorrer, mas certa de que a perfeição é pura ilusão! BB.
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece,
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah!, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos...

Mas Graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,
E deve haver muita coisa
Para termos muito que ver e ouvir...


Alberto Caeiro