Divagações da Bruma

Viagens da minha cabeça, do meu sentir, do meu ser, do meu existir... as memórias, o sabor de experimentar, ganhar asas e voar, desvendar os mistérios da bruma, os meus.

16 abril, 2008

Musicalidades...

Notas que se fundem, Sons. Melodias. Músicas. Canções. Intemporais, eternas, imortais. A beleza e fascínio que nos entra pelo sentido auditivo, os sons que nos transformam, embalam, os voos mentais e corporais. Inebriados, alcançamos uma outra dimensão, onírica ou real. E numa dança de palavras, gestos e sons, os movimentos corporais são espontâneos, genuínos, nada mais que gritos da alma expulsos pelo corpo dada a intensidade do sentir.

Melodias que cobrem Poemas belos e únicos, enamoram-se e dormem juntos. Uma união perfeita de sensualidade e sonho, num culminar de prazer. Em noites ardentes são cantadas aos ventos, esvoaçando em ondas vibrantes, timbres estonteantes e esmagadoramente profundos que nos atingem a alma. Sonhamos, sorrimos, cantamos, rimos, choramos e vamos divagando e colorindo o resto do tempo ausente em poemas e músicas. Num espaço próprio ou impróprio, num espaço agridoce, musical. Palavras que se agrupam em frases, versos, belos, simbólicos, codificados ou explícitos, circulares, cruzados, com ou sem sentido, de vida fervilhante, de sentimento, de emoção, de despertares para o mundo, multiplicidades, as escolhas, as experiências, para o antigo, o novo e o onírico…


Ao longo do tempo, neste meu espaço, fui deixando pedaços flutuantes de poemas que foram cobertos por melodias. Pequenas partes que me fazem sentir, sorrir, chorar, voar, sonhar, recordar, pensar, interpretar, despertar, continuar. Pequenos nadas que simbolicamente me fazem acreditar no sonho, na arte, na vida, nas pessoas, que realmente vale a pena continuar aqui, neste agora presente, neste viver intenso, por vezes confuso e nublado, talvez até um pouco sombrio, mas consigo vislumbrar as restantes cores da paleta e com elas vou pintando os meus momentos, o aqui, o agora, o presente. Recordo muitas vezes os belos quadros do passado, as suas melodias e poemas, as cores excitantes e vibrantes, consigo sorrir e penso no hoje. É verdade que o sonho e um esboço do futuro estão igualmente presentes, mas seria uma ilusão pensar no futuro sem viver o presente. Para não haver enganos é essencial o agora!

O mundo musical alimenta o mundo pessoal, o meu eu, de múltiplas formas, em diversos sabores e gostos… Pelas melodias, poemas, significados, instrumentos, vozes, músicos, interpretes… artistas, arte… no palco da vida, no meu…


Hoje, deixo mais um pedaço flutuante de palavras melodicamente articuladas, de significados e sentidos. Deixo caída, uma Carta, para quem nunca a leu, pela melodia, palavras, pensamentos, despertares, ideias e pela interpretação do Tiago. BB.


Carta
Não falei contigo
Com medo que os montes e vales que me achas
Caíssem a teus pés...
Acredito e entendo
Que a estabilidade lógica
De quem não quer explodir
Faça bem ao escudo que és...
Saudade é o ar
Que vou sugando e aceitando
Como fruto de verão
Nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
Que num dia maior serás trapézio sem rede
A pairar sobre o mundo
Em tudo o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua, nua
Numa chama minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
Que o teu destino foi inventado
Por gira-discos estragados
Aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
De sincronização do coração
São leis como paredes e tectos
Cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
Por cima de todos os teus números

Raízes quadradas de somas subtraídas
Sempre com a mesma solução...

Podias deixar de fazer da vida
Um ciclo vicioso
Harmonioso ao teu gesto mimado
E à palma da tua mão...
Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti…

Toranja

05 abril, 2008

Enquanto Houver

Enquanto houver um sorriso
Enquanto houver um fascínio
Vento a soprar-nos na cara
E a roupa a tocar na pele
Enquanto houver companhia
Nos avessos do caminho
Podem rasgar-nos a alma
Que há-de sobrar poesia

Enquanto lançarmos sonhos
Com a força da maré
E desvendarmos o mundo
Entre incertezas e fé
E as coisas oscilarem
Ao segredar-se uma jura
Podem rasgar-nos alma
Que há-de sobrar a ternura

Enquanto houver um disparo
Que rompa um silêncio vão
Enquanto o tempo doer
Ao escorregar-nos das mãos
E trocarmos a desculpa
Pela culpa da verdade
Podem rasgar-nos a alma
Que há-de sobrar-nos vontade

Susana Felix

Coisas Dispersas

Só o olhar
O sorriso, a boca
O roçar da pele
O corpo e o calor
A calma, o mar
A respiração

Só o fogo
A ternura, o gozo
A nudez e as mãos
A alma incontida
O grito e a vida
A alucinação

Só o fogo
A conversa, a pausa
E o sentimento
O silêncio, a noite
E o passar do tempo
E a solidão

Só o fogo
A ternura, o gozo
A nudez e as mãos
A alma incontida
O grito e a vida
A alucinação

Um lugar
De luar e estrelas
E coisas dispersas
De tudo e de nada
Que se esconde fundo
De risos e promessas

Um lugar
De luar e estrelas
E coisas dispersas
De tudo e de nada
Que se esconde fundo
De risos e promessas

No avesso da dia

Susana Felix