Divagações da Bruma

Viagens da minha cabeça, do meu sentir, do meu ser, do meu existir... as memórias, o sabor de experimentar, ganhar asas e voar, desvendar os mistérios da bruma, os meus.

30 outubro, 2007

Gostava de...

poder voar,

ter asas e espalhar alegria,

ser poema,

musa encantada, inspiração,

um pedaço de arte,

de ser a emoção,

de personificar o amor,

de te dar o meu coração e de receber o teu,

de ficar contigo,

de ser luz, sol,

de ser água, mar, oceano,

glaciar, cristal,

beleza tamanha que te enamora,

de tocar o mundo com as mãos e

transformar o coração dos Homens,

ser o teu desejo,

o céu que cobre o teu mundo,

de ser melodia, música,

de ser artista,

de correr o mundo, de tocar a lua,

de ser sorriso no rosto da tristeza,

ser cor, arco-iris,

de ser brilho,

de ser brisa,

de ser borboleta. BB

28 outubro, 2007

Que Saudade...

de correr livremente e ninguém me apanhar, de andar de bicicleta por caminhos proibidos, de esgravatar na terra, de apanhar caracois no quintal, de apanhar e comer pinhões, de jogar às escondidas, de brincar às casinhas, do "culto" da Barbie, de desenhar roupas, de cantar, de rapar a tigela do bolo, das panquecas de sábado de manhã, do cheiro de doce de amora acabado de fazer, do arroz doce, das tostas de Domingo à noite, do doce de figo, da roupa nova pelos anos e Natal, dos Chorões da escola primária, das marchas de S. João, das festas de Natal no palco do cinema, do cinema de 2ª e 6ª feira à noite, das aulas de Inglês, dos bancos de jardim do ciclo, do grupo que se juntava frente ao bloco S, dos amigos de infância, das noites quentes de Verão, de contemplar o céu estrelado, de cobrir o corpo de areia, de mergulhar no mar da Formosa, do silêncio do mundo subaquático, das canelas e bolos de coco, de andar de patins, de me fantasiar em todos os Carnavais, de jogar Balamente, da entrada na faculdade, das noitadas de trabalho em grupo, das conversas "psicadélicas", dos amigos, das festas, das horas passadas no bar, de rir à gargalhada, das borboletas no estômago, do beijo doce nascido no Bairro, da troca de olhares, do sentir crescente, do cantinho, de beijar, da suavidade, das mãos... dos pequenos grandes momentos e gestos... de ser feliz. BB.

22 outubro, 2007

Momento

Uma espécie de céu,
Um pedaço de mar,
Uma mão que doeu,
Um dia devagar.
Um Domingo perfeito,
Uma toalha no chão,
Um caminho cansado,
Um traço de avião.

Uma sombra sozinha,
Uma luz inquieta,
Um desvio na rua,
Uma voz de poeta.

Uma garrafa vazia,
Um cinzeiro apagado,
Um Hotel numa esquina,
Um sono acordado.
Um secreto adeus,
Um café a fechar,
Um aviso na porta,
Um bilhete no ar.

Uma praça aberta,
Uma rua perdida,
Uma noite encantada
Para o resto da vida.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Uma estrada infinita,
Um anúncio discreto,
Uma curva fechada,
Um poema deserto.
Uma cidade distante,
Um vestido molhado,
Uma chuva divina,
Um desejo apertado.

Uma noite esquecida,
Uma praia qualquer,
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher.

Um encontro em segredo,
Uma duna ancorada,
Dois corpos despidos,
Abraçados no nada.
Uma estrela cadente,
Um olhar que se afasta,
Um choro escondido
Quando um beijo não basta.

Um semáforo aberto,
Um adeus para sempre,
Uma ferida que dói,
Não por fora, por dentro.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.


Pedro Abrunhosa

Dá-me O Tempo

Deita-te em mim,
Descobre onde estás,
Escuta o silêncio,
Que o meu corpo te traz.
Não me deixes partir,
Não me deixes voar,
Como um pássaro louco
Como a espuma do mar.

Sente a força da noite
Como facas no peito,
Como estrelas caídas
Que te cobrem o leito.
Tenho tantos segredos
Que te quero contar
E uma noite não chega,
Diz que podes ficar.

Dá-me o tempo,
Dá-me a paz,
Viver por ti não é demais.
Dá-me o vento,
Dá-me a voz,
Viver por ti, morrer por nós.

Enfim nós os dois,
Os teus gestos nos meus,
Perdidos no quarto
Sem dizermos adeus.
Adiamos a noite,
Balançamos parados,
Pela última vez
Os nossos corpos colados.

Sente a força que temos
Quando estamos assim,
Um segundo é o mundo
Que nos separa do fim.
Porque tens de partir
Quando há tanto a dizer?
Eu não sei começar,
Não te quero perder.

(Eu gosto das formas que tomas,
Como o toque do cristal,
E dos vidros, dos poemas,
Da febre do metal)


Pedro Abrunhosa