Divagações da Bruma

Viagens da minha cabeça, do meu sentir, do meu ser, do meu existir... as memórias, o sabor de experimentar, ganhar asas e voar, desvendar os mistérios da bruma, os meus.

08 maio, 2008

Nascida em berço de mar salgado,
Embalada por ondas ora calmas ora revoltas,
Criada na ilha da noite,
onde o som dos pássaros, oriundos do norte de África, se mistura com o barulho do mar que embate no basalto de que é feita a minha terra, e se envolve com o cheiro a gargalhadas e cantorias à volta de uma fogueira, na mais bela das praias de areia fina, sob um véu de estrelas intensamente brilhantes; o alimento da alma de um ilhéu… esse mergulhar, a vida que brota de nove pedacinhos de lava arrefecida no meio do Atlântico…o paraíso encantado e perdido do resto do mundo. Pagamos pela insularidade, mas ganhamos tanto de tantas maravilhas que apenas nós, verdadeiramente entendemos, algo único, só nosso e tão específico…
Um ilhéu sabe, que para a descoberta do que está depois da linha do mar, desse horizonte, tem que partir em viagem.
Vim para longe. Para um pedaço de terra unida a outros pedaços, um continente, numa Europa de gente mergulhada por outra vida, outros estilos, outros sentidos. Vou nadando noutros mares, em registos diferentes dos meus, contudo encontro partes de mim e vou reorganizando. Uma aprendizagem, uma construção contínua e de infinitas possibilidades e caminhos. Num tempo e num espaço meu, ganho asas, vou aprendendo a voar sem esquecer a raiz, a origem, o início…
Noctívaga por natureza, acordo para a noite enquanto o resto do mundo dorme, encontro-me e sigo. Vou ao encontro do desconhecido em viagens múltiplas, testo limites e avanço um pouco mais. Sinto uma ligeira inquietação, percebo a minha transformação, exorcizei demónios e fantasmas, sentei-me com eles à mesa, comemos e bebemos. Na noite dançamos e brindamos, e antes dos primeiros raios de sol disse-lhes, “adeus. até nunca mais!” e segui. Segui viagem, equilibrei-me e consegui entregar-me ao novo, ao diferente, à vida. O dia havia nascido e eu renasci… BB.

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