Divagações da Bruma

Viagens da minha cabeça, do meu sentir, do meu ser, do meu existir... as memórias, o sabor de experimentar, ganhar asas e voar, desvendar os mistérios da bruma, os meus.

24 março, 2009

A um "Lenine" real e inesperado,
obrigado! pelo colorido, sentir e significado...
pela partilha e sorrisos...
e por ser apenas minha... BB.

Magra

Moça
Pernas de pinça
Alta
Corpo de lança
Magra
Olhos de corça
Leve
Toda cortiça
Passa
Como que nua
Calma
Finge que voa
Brasa
Chama na areia
Bela
Como eu queria
Magra, Leve, Calma
Toda ela bela
Tudo nela chama
Segue
Enquanto suspiro
Toda
Cor de tempero
Cheira
Um cheiro tão raro
Clara
Cura o escuro
Ela
Braços de linha
Dengo
Cheio de manha
Durmo
E peço que venha
Acordo
E sonho que é minha
Magra, leve, calma
Toda ela bela
Tudo nela



Lenine

20 março, 2009

Tás a ver?

Estás a ver o que eu estou a ver?
Estás a ver? estás a perceber?
estás a ouvir o que eu estou a dizer? Estás a ouvir?
Estás a perceber?
Eu tenho visto tanta coisa nesse meu caminho – nessa nossa trilha,
que eu não ando sozinho – tenho visto tanta coisa, tanta cena...
mais impactante do que qualquer filme de cinema
e se milhares de filmes não traduzem, nem reproduzem a amplitude do que eu tenho visto
não vou mentir pra mim mesmo,
acreditando que uma música é capaz de expressar tudo isso
não vou mentir pra mim mesmo,
acreditando mas eu preciso acreditar na comunicação
mas eu preciso acreditar
não há melhor antídoto pra solidão
e é por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto,
se o que eu sinto fica só no meu peito
por mais que eu seja egoísta aprendi a dividir as emoções,
e os seus efeitos sei que o mundo é um novelo,uma só corrente
posso vê-lo por seus belos elos transparentes
mudam cores e valores, mas tá tudo junto por mais que eu saiba,
eu ainda pergunto:Tás a ver? A vida como ela é Tás a ver?
A vida como tem que ser Tás a ver?
A vida como a gente querTás a ver?
A vida pra gente viver"
...Já que a vida é feita de pequenos nadas...
"Tás a ver? a linha do horizonte a levitar,
a evitar que o céu se desmonte?
foi seguindo essa linha que notei que o mar na verdade é uma ponte
atravessei-a e fui a outros litorais
e no começo eu reparei nas diferenças mas com o tempo eu percebi,
e cada vez percebo mais como as vidas são iguais,
muito mais do que se pensa mudam as caras
mas todas podem ter as mesmas expressões
mudam as línguas,
mas todas têm suas palavras carinhosas e os seus calões
as orações e os deuses também variam
mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar
mudam os olhos e tudo o que eles olham
mas quando molham, todos olham com o mesmo olhar seja onde for,
uma lágrima de dor tem apenas um sabor e uma única aparência
a palavra saudade só existe em português
mas nunca faltam nomes
se o assunto é ausência solidão apavora,
mas a nova amizade encoraja
e é por isso que a gente viaja procurando um reencontro,
uma descoberta que compense a nossa mais recente despedida
nosso peito muitas vezes aperta,
nossa rota é incerta mas o que não é incerto na vida?
A vida é feita de pequenos nadas que a gente saboreia
mas não dá valor um pensamento,
uma palavra,
uma risada
uma noite enluarada
ou um sol a se pôr
um bom dia,
um boa tarde,
um por favor
– simpatia é quase amor –
uma luz acendendo,
uma barriga crescendo uma criança nascendo,
obrigado, Senhor seja lá quem for o Senhor seja lá quem for a Senhora a quem quiser me ouvir,
e a mim mesmo preciso dizer tudo o que eu estou dizendo
agora preciso acreditar na comunicação
não há melhor antídoto pra solidão
e é por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto,
se o que eu sinto fica só no meu peito
por mais que eu seja egoísta aprendi a dividir minhas derrotas,
e minhas conquistas nada disso me pertence
é tudo temporário no tapete voador do calendário
há que temos forças, pra somar e dividir enquanto estivermos aqui
se me ouvires cantando, canta comigo
se me vires chorando, sorri.

Gabriel O Pensador